Disciplina - Educação Física

Relato: Colégio Estadual do Paraná

Nome da Autora: Lilian Messias Sampaio Brito
Instituição: Colégio Estadual do Paraná
Município / Estado: Curitiba-PR
Conteúdo: Alimentação Saudável : “lanchinho saudável”
Série: 5ª série
Período: Janeiro de 2009 a novembro de 2009

Síntese da Experiência: durante o ano 2009, 70 alunos, meninos e meninas de 10-11 anos de idade, de 5ª série , do Colégio Estadual do Paraná, turno da tarde, receberam orientação, durante as aulas de Educação Física, sobre a importância de uma alimentação saudável,priorizando o lanche escolar. Essa prática pedagógica foi dividida em várias etapas (3). A primeira etapa foi a salada de frutas. Foi solicitado aos alunos que trouxessem frutas de época (pré- selecionadas) para a escola. Durante a aula de Educação Física os alunos, na merenda do Colégio, ajudaram a cortar e higienizar as frutas para o preparo da salada. Após este preparo inicial tiveram uma palestra sobre o valor calórico de cada fruta e sobre a importância das vitaminas ( presença e ausência) no organismo. A segunda etapa foi a vitamina em outro dia, um mês após. Nessa segunda etapa da atividade os alunos levaram para casa um bilhete aos pais solicitando que os mesmos encaminhassem pelo seus filhos frutas, leite, açúcar, verduras e dois liquidificadores. Os alunos trouxeram as frutas e verduras de casa. Foram convidados os pais interessados em colaborar com as aulas, auxiliando na preparação das vitaminas e manipulação dos liquidificadores, com o objetivo de aprenderem também sobre os valores nutricionais das frutas e verduras. As frutas e verduras foram devidamente higienizadas antes do preparo com todas as normas técnicas de Higiene e Saúde. Foram escolhidas três vitaminas, abacate com leite e banana, mamão, laranja, maçã e banana, e cenoura, beterraba e laranja. e três mães auxiliaram na preparação, acompanhadas de uma nutricionista e da professora da turma. Os alunos ao chegarem na merenda foram dispostos em três espaços. A cada 15 minutos de aula com uma caneca em mãos passavam por cada vitamina, experimentavam e recebiam orientação da nutricionista e da professora. Lavavam a caneca em uma pia e se dirigiam para outra mesa. E, a ultima etapa, a terceira pretendo fazer um almoço com os alunos utilizando verduras cozidas e suas variações com auxilio dos pais.

Justificativa:
observando meus alunos em especial no pátio durante o intervalo percebi que muitos não tinham um hábito saudável de alimentação. Apesar de ser proibida a venda de frituras e refrigerantes no Colégio, alguns pais mandam lanches que não tem valor nutricional para seus filhos. Verificando este quadro decidi fazer uma campanha com as duas turmas de 5ª série na qual sou responsável e resolvi chamar de “lanchinho saudável”, como eles mesmos gostam de retratar esse momento. E também percebi que os que mais traziam lanche inadequado eram aqueles com sobrepeso e obesos. E, além do aspecto físico me preocupei também no aspecto intelectual (cognitivo). Como crianças daquela idade iriam ter uma produção intelectual em sala de aula se o organismo delas não tem vitaminas que realmente necessitam para o crescimento dos neurônios? O que eu como professora de Educação Física poderia estar colaborando para um crescimento sadio dessas crianças? Então resolvi ter atitude e valorizar esse conteúdo nesse momento, pois temos que iniciar nessa fase da vida para levar para a vida adulta bons hábitos alimentares.

Objetivos da experiência:

  • propiciar aos alunos experiências positivas em relação a uma alimentação saudável, principalmente em relação a frutas e verduras;
  • aproximar pais da Escola e ensinar diferentes tipos de alimentos preparados com frutas e verduras, para que possam reproduzir em casa;
  • fazer com que o aluno perceba que uma alimentação saudável pode melhorar sua imagem física, juntamente com Atividade Física e principalmente trazer benefícios cognitivos;
  • desmistificar valores sobre a mistura de alimentos ( fazer mal).


Contextualização: coxinha de galinha. Lanche com dois hambúrgueres, maionese, queijo e, para contrabalançar, salada. Feijoada. Rodízio de carnes gordurosas. De sobremesa, nada mais saboroso que quindim, tortas, pudins, ou, ainda, pé-de-moleque, cocada, bolo confeitado. Hum....

Realmente, estes são pratos irresistíveis, embora extremamente calóricos. E, por conta do corre- corre diário, não são poucas as pessoas no mundo que recorrem à alimentação rápida, sem se preocupar com a saúde. E a história do mocinho (pessoas querendo emagrecer) e bandidos (alimentação não saudável) se repete, sem contar com aquelas pessoas que iniciam suas dietas às segundas-feiras.

O consumo de alimentos gordurosos, calóricos e vida sedentária, aliados ao crescimento econômico, urbanização e globalização do setor de alimentos contribuíram para o aumento do problema da obesidade nas duas últimas décadas. (OMS)

Pela primeira vez na história da humanidade, o número de pessoas com excesso de peso ultrapassou o de desnutridos: 1,2 bilhão em todo o mundo. Os números são alarmantes. Países que até pouco tempo só se preocupavam com a fome e a escassez de alimentos, agora convivem com crescimento fora de controle do número de obesos. Preocupada com a situação, a Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta para uma "epidemia da obesidade". Estima-se que atualmente há 300 milhões de pessoas com sobre· peso no mundo. No Brasil, os números são igualmente assustadores.

Segundo a OMS, o País tem 40 milhões de brasileiros acima do peso - 10 milhões são obesos e 15% destes são crianças. A preocupação com a alimentação e a obesidade não é novidade. Levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), realizado entre 2002 e 2003, mostrou que quatro em cada dez brasileiros; com 20 anos ou mais, estavam com sobrepeso, e um deles era obeso. Ainda conforme a pesquisa, 9% da população era obesa, ou seja, estava pelo menos 15% acima do peso ideal. O levantamento também constatou que apenas 4% dos pesquisados estava abaixo do peso. Esses dados revelam que o Brasil está se transformando em um país de obesos.

Estudos recentes têm demonstrado uma redução na prevalência da desnutrição e um predomínio do excesso de peso em crianças e adolescentes, com taxas significativas de incremento anual desse último. Wang e cols. verificaram que a prevalência de excesso de peso triplicou no Brasil; enquanto a prevalência de déficit ponderal apresentou um declínio acentuado, reduzindo-se para quase a metade. Na cidade de Curitiba, em 2003, ao avaliar 1265 escolares (entre 10 e 16 anos de idade) da rede pública, observou-se que 16,8% deles apresentavam sobrepeso ou obesidade, sendo essas percentagens maiores nos meninos acima de 13 anos (LEITE et al., 2003).

Resultados: leite e manga não dão dor de barriga e nem matam...risos, está é uma das questões trazidas dos alunos de casa sobre a mistura do leite na confecção das vitaminas com algumas frutas e que agora estão desmistificados. Houve alguma resistência de algumas crianças em relação a tomar vitaminas de cenoura, beterraba e laranja, mas com apoio dos colegas, experimentaram. O sabor não é dos melhores, mas entenderam o quanto é importante essa mistura.Algumas caretas foram registradas, porém momentos de prazer pelo sabor foram a maioria. A participação das mães, pedagogas, nutricionista foi muito importante, pois em qualquer ação dentro da Escola, uma equipe multidisciplinar é necessária. Passando pelo recreio dos alunos percebi uma mudança nos hábitos alimentares em relação aos líquidos ingeridos e alimentos. O refrigerante foi deixado de lado e deu lugar aos sucos de frutas, e os lanches passaram de salgadinhos para frutas, saladas de frutas, bolachas sem recheio (água e sal), sanduíches naturais.Muitos alunos pediram as receitas para levarem para casa para repetir a experiência. E as mães que auxiliaram relatam que aprenderam muito sobre a aula e a conversa que tiveram com a nutricionista. E, para mim, o melhor resultado é olhar para meus alunos e ver saúde , vitalidade, presença na escola, participação, questionamentos e me pegarem pela mão e mostrar o lanche que eles estão ingerindo é um “lanchinho saudável”.

Avaliação: essa experiência deve ter continuidade pelos resultados já alcançados.

Referencial Teórico:

Ter uma boa condição de saúde não representa apenas um objetivo importante; a saúde é apenas um meio para se obter outras realizações. As pesquisas mostram que mudanças comportamentais podem ser muito efetivas na área de prevenção e controle de doenças associadas á inatividade.

Em países considerados desenvolvidos existe a preocupação em se organizar uma estrutura de prevenção a estas doenças, com realizações de estudos nesta área, um dos trabalhos epidemiológicos clássicos na determinação dos fatores de risco para doenças cardiovasculares é o “Framingham Study”, organizado pelo Serviço Público Norte Americano (Pollock e Willmore, 1993), que enumeraram estatisticamente os diversos fatores que os indivíduos apresentam em comum, quando desenvolviam doenças cardiovasculares.

Ainda, Pollock e Wilmore (1993) e o American College of Sports Medicine (ACSM, 1994), citam que “atualmente os fatores de risco que predispõem a aquisição das doenças cardiovasculares são os seguintes: a hipertensão arterial sistêmica, o tabagismo, os lipídeos sanguíneos, o estresse psicosocial, a obesidade, o diabetes e a intolerância à glicose, além da inatividade física, a idade, sexo e a história familiar”.

Nosso organismo foi feito para ser ativo, porém atualmente nas populações atuais , a mecanização, a automação e a tecnologia eletrônica tem nos eximido em grande parte, das tarefas físicas mais intensas no trabalho e nas atividades da vida diária. Da mesma forma, as muitas opções do chamado lazer passivo, como por exemplo, a televisão e os jogos eletrônicos, tem reduzido muito a parcela de nosso tempo livre em que somos fisicamente ativos. (BRACCO et al., 2002; HANCOX; MILNE; POULTON; 2004; CAMPAGNOLO; VILOTO; GAMA, 2008). Estes meios de poupar esforços apesar de proporcionarem conforto e maior produtividade, não diminuem a necessidade de exercitarmos regularmente nosso organismo para que os males do sedentarismo não prejudiquem nosso estado geral de saúde física e mental, reduzindo a capacidade de realizar tarefas rotineiras e a qualidade de nossas vidas a médio e longo prazo (NAHAS, 2001).

Estudos tem demonstrado que a inatividade em crianças tem aumentado significativamente a incidência da obesidade infantil, causando um problema de Saúde Pública. Além da obesidade outras doenças surgiram: incidências de doenças cardiovasculares, hipertensão arterial, diabetes melitus...

O excesso de gordura é um dos maiores problemas de saúde em muitos países, principalmente os industrializados. A obesidade é um problema de abrangência mundial pela Organização Mundial da Saúde pelo fato de atingir um elevado número de pessoas e predispõe o organismo a vários tipos de doenças e a morte prematura. Os indicadores de qualidade de vida colocam as pessoas obesas em desvantagens (NAHÁS, 2001).

O estilo de vida ativo é o comportamento fundamental na promoção da saúde e redução da mortalidade por todas as causas. Para a maior parte da população, os maiores riscos para a saúde e bem estar advém do próprio comportamento individual. É principalmente nas crianças e adolescentes que devemos proporcionar condições, onde elas possam ter acesso a atividades físicas, melhorando a qualidade de vida e diminuindo os fatores de risco. E também, para aquelas que já se encontram na zona de pré Síndrome Metabólica possam ter um acompanhamento com uma equipe multidisciplinar.

Referências Bibliográficas:

1.
MENDES, R.LEITE,N. Ginástica laboral: princípios e aplicações práticas. Barueri: Manole, 2a. Edição, cap. 6, In Press.
2. MONTEIRO,W. D. Aspectos fisiológicos e metodológicos do condicionamento físico na promoção da saúde. Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde,v.1, n.3, p. 44-58, 1996.
3. NAHÁS, M.V. Atividade física, saúde e qualidade de vida: conceitos e sugestões para um estilo de vida mais ativo. Londrina : Midiograf, 2001.
4. NAHÁS, M.V. Obesidade, controle de peso e atividade física. Londrina :Midiograf, 1999.
5. Freire, J.B.e Alcides, J. Educação como prática corporal, SCIPICONE, 2003.
6. Oliveira, M.A.T. Educação do Corpo na Escola Brasileira. Autores Associados, 2006.
7. SAVIANI, D. Educação: do senso comum a consciência filosófica. São Paulo: Cortez, 1983.
8. SILVEIRA, G. C. F.; PINTO, J. F. Educação Física na perspectiva da cultura corporal: uma proposta pedagógica. In Revista Brasileira de Ciências do Esporte. Campinas: Autores Associados, v. 22, n. 3, pp. 137-150, 2001.
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11. BRACHT, V. Educação Física: conhecimento e especificidade. In: Salvador, E; VAGO, T. M. Trilhas e Partilhas:educação física na cultura escolar e nas práticas sociais. Belo horizonte, 1997.
12. BRACHT, V. Saber e fazer pedagógicos: acerca da legitimidade da Educação Física como componente curricular. In: CAPARRÓZ, F. E. (Org.) Educação Física Escolar: política, investigação e intervenção. Vitória: proteoria, 2001. V. 1.
13.COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do Ensino da Educação Física. São Paulo: Cortez, 1992. Coleção Magistério 2° grau – série formação do professor.
14. GHIRALDELLI JÚNIOR, P. Educação Física Progressista: a pedagogia crítico-social dos conteúdos e a Educação Física Brasileira. 10 ed. São Paulo, Loyola, 1991.
15. KUNZ, E. Educação Física: ensino e mudanças. Ijuí: UNIJUÍ, 1991.
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