Disciplina - Educação Física

Danças Folclóricas Brasileiras – Norte

Camaleão (AM) – é dança de pares soltos que desenvolvem coreografia constituída por sete diferentes passos, chamados jornadas. Organizados em duas fileiras, homens e mulheres executam passos laterais de deslize, vênias entre os pares, palmas na mão do parceiro, troca de lugares, sapateados rítmicos, requebrados, palmeados das mulheres e dos homens entre si, terminando com o passo inicial. O conjunto musical é formado por viola, cavaquinho, rabeca e violão. Nessa dança usa-se indumentárias específica inspirada “no tempo do império”: os homens trajam fraque de abas, colete, culotes, meias brancas
longas, sapato preto afivelado, gravata pomposa; as mulheres trajam saias longas rodadas, blusas soltas, meias brancas, sapatos afivelados.

Carimbó (PA) -
dança de roda formada por homens e mulheres, com solista no centro que baila com requebros, trejeitos, passos miúdos arrastados e ligeiros. O apogeu da apresentação é quando a dançarina, usando amplas saias, consegue cobrir algum dançador, volteando amplamente a veste. Este gesto provoca hilaridade entre todos. Caso jogue a saia e não cubra o parceiro, é imediatamente substituída. O nome da dança deriva de um dos instrumentos acompanhantes, um tambor de origem africana.

Ciranda (AM) - é uma rapsódia composta de várias partes, acompanhada da música “Ciranda, Cirandinha”. Dança-se em círculo, moças e rapazes vestidos à moda antiga. No final é exibido o episódio do carão (pernalta jaburu) que é morto pelo caçador. O carão e o caçador aparecem fantasiados.

Dança do Maçarico (AM) – apresenta música saltitante com coro alegre e animado. Os dançarinos, organizados aos pares, desenvolvem uma coreografia constituída por cinco diferentes movimentos: “Charola”, “Roca-roca”, “Repini-co”, “Maçaricado” e “Geléia de Mocotó”. Os pares, ora enlaçados ora soltos, dão passos corridos para frente e para trás, de deslize laterais, volteios rápidos, rodopios ligeiros, culminando com uma umbigada. A música é executada em sanfona ou acordeão, viola, violão, rabeca, tambores pequenos pifanos.

Dança do Sol – inicialmente se chamou Quaraci Poracê, dançada entre os índios do Município de Carvoeiro, em 1931, e divulgada posteriormente com o nome de “Tipiti” ou “Dança do Pau de Fita”. Possui os seguintes passos: Caracol; Tipiti de um; Tipiti de dois, Tipiti de três; Tipiti de quatro; Trança; Rede; Chochê (desafio).

Desfeiteira (AM, PA) –
dança de pares enlaçados que circulam livremente pelo salão. A única obrigatoriedade é passar, cada par por sua vez, diante do conjunto musical que executa partituras alegres e vivas de: valsas, polcas, sambas rurais, chulas amazonenses, mazurcas, xotes etc. Repentinamente, os músicos cessam de tocar e os pares também estacam, onde estiverem. Aquele que coincidir estar na frente da banda passará por uma prova: o músico-chefe escolhe a dama ou o cavalheiro para declamar versos. Quem não conseguir é vaiado por todos e, por esta desfeita, paga uma prenda, ficando assim desfeiteado.

Gambá (toda a região) – dança de terreiro, o Gambá é constituído de brincantes, um “marcador”, um grupo de quatro cantores, uma mulher solista e seu parceiro. Os demais formam uma roda ou duas fileiras que envolvem o par so-lista e batem palmas no ritmo executado no “Gambá”, isto é, um tambor feito de tronco de árvore com cerca de um metro de comprimento. A dança se inicia com uma mulher que acena um lenço grande colorido, requebra e mexe o cor-po voluptuosamente de modo a provocar o entusiasmo dos demais. Depois de alguns momentos atira-o aos pés de algum dançador do grupo. Este recolhe o lenço e sai em perseguição da dama, que simula fugir das investidas do cavalheiro. O cavalheiro então simula desinteresse e a dama passa a provocá-lo com movimentos lascivos, sempre com auxílio do lenço. A dança termina com a aceitação do cavalheiro que, com a dama, improvisa movimentos sensuais.

Serafina (AM) – é executada por homens e mulheres que se organizam em duas fileiras, por sexo. Nesta posição desenvolvem movimentos chamados “Batição”, que têm denominações próprias: “Puçá”, “Mala”, “Lance alto”; organizam-se depois em círculo e executam outros movimentos: “Arrodeio alto”, “Arrodeio baixo”, “Cacuri” e “Tapagem”, retornam às fileiras e dançam ainda o “Arrastão” e a “Repartição”. Quando nas fileiras, os dois primeiros pares formam grupos de quatro dançadores e desempenham as batições entre si. Os participantes carregam alguns implementos que referenciam o aspecto simbólico desta dança: remo de tamanho natural, arpões, lenços grandes atados à volta do pescoço, fitas coloridas presas à cintura, chapéus de palha. Os remos e arpões são colocados no chão e não têm nenhuma utilidade prática; as fitas e os lenços são usados no “Lance alto” e no “Lance baixo” quando a dupla de pares cruza as fitas, e no “Arrodeio alto” e “Arrodeio baixo”, figurações marcadas pelo cruzamento dos lenços de cada dupla de pares. A música é caracteristicamente rural: cavaquinho, reco-reco, violão, tambor gambá, caracaxás e maroca. Este último é um tambor pequeno, recoberto com couro de cobra sobre o qual colocam-se duas linhas paralelas cheias de contas que vibram juntamente com o couro.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CASCUDO, Luis da Câmara. Dicionário do Folclore Brasileiro. Rio de Janeiro: Ed. Melhoramentos, 1976, 4ª ed.
DANTAS, Beatriz Góes. A Dança de São Gonçalo – Cadernos de Folclore nº 9. Rio de Janeiro: Funarte/MEC, 1976.
FERRETTI, Sérgio F. (Coord.). A Dança de Lelê. São Luis: Fund. Cultural do Maranhão, 1977.
FRADE, Cáscia. Folclore Brasileiro – Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Funarte/MEC, 1979.
____________. (Coord.). Cantos do Folclore Fluminense. Rio de Janeiro: Presença Ed., 1986.
LACERDA, Regina. Folclore Brasileiro – Goiás. Rio de Janeiro: Funarte/MEC, 1977.
MARTINS, Saul. Folclore Brasileiro – Minas Gerais. Rio de Janeiro: Funarte/MEC, 1982.
MELLO, Veríssimo de. Folclore Brasileiro – Rio Grande do Norte. Rio de Janeiro: Funarte/MEC, 1977.
MENDES, Noé. Folclore Brasileiro – Piauí. Rio de Janeiro: Funarte/MEC, 1977.
MONTEIRO, Mário Ypiranga. Livronal. Manaus: Jorge Tufic Ed., sem data.
NEVES, Guilherme Santos. Folflore Brasileiro – Espírito Santo. Rio de Janeiro: Funarte/MEC, 1978.
ROCHA, José Maria Tenório. Folclore Brasileiro – Alagoas.Rio de Janeiro: Funarte/MEC, 1977.
RODERJAN, Rosely V. R. Folclore Brasileiro – Paraná. Rio de Janeiro: Funarte/MEC, 1981.
SERRAINE, Florival. Folclore Brasileiro – Ceará. Rio de Janeiro: Funarte/MEC, 1978.
SOARES, Doralécio. Folclore Brasileiro – Santa Catarina. Rio de Janeiro: Funarte/MEC, 1979.
VALENTE, Valdemar. Folclore Brasileiro – Pernambuco. Rio de Janeiro: Funarte/MEC, 1979.
VIANNA, Hildegardes. Folclore Brasileiro – Bahia. Rio de Janeiro: Funarte/MEC, 1981.
VIEIRA FILHO, Domingos. Folclore Brasileiro – Maranhão. Rio de Janeiro: Funarte/MEC, 1977.

Este conteúdo foi acessado em 09/07/2012 do site Poemia. Todas as informações nela contida são de responsabilidade do autor.
Recomendar esta página via e-mail: