Disciplina - Educação Física

Danças Circulares

Danças Circulares Sobre as danças
Um pouco mais de história A Dança Circular veio para o Brasil

[...] quando surgimos no espaço e nele nos movimentamos, temos que dar
passos. A escola de dança é a escola do caminhar. O fluxo contínuo da
corrente do tempo recebe através do contato do pé um compasso. Através
dos passos determinamos uma medida de tempo e ao mesmo tempo uma
medida no espaço. O passo torna mensurável, de acordo com a música, o
ato da dança no espaço e no tempo, vivenciável e possível de ser
repetido. O nosso pensamento aprende com o pé a acertar o passo, e
assim construímos uma coluna entre o céu e a terra.
(WOSIEN, 2000, p. 40)

Danças Circulares


Quando se fala em Danças Circulares, em qualquer lugar do mundo onde esta prática é conhecida, tem-se como principal referência o nome de Bernhard Wosien, bailarino, pedagogo da dança, desenhista e pintor, que dedicou muitos anos de sua vida a coletar danças étnicas.

Em 1976, Bernhard Wosien visitou a Comunidade de Findhorn, no norte da Escócia e, a pedido de Peter Caddy, um de seus fundadores, ensinou pela primeira vez uma coletânea de Danças Folclóricas para os residentes. Bernhard Wosien já havia passado dos 60 anos e, encontrou nos grupos de Danças Folclóricas, o que estava procurando. Nessas rodas, vivenciou a alegria, a amizade e o amor, tanto para consigo mesmo como para com os outros.

Além de Findhorn, o legado de Bernhard Wosien também frutificou e continua a frutificar, espalhando-se pelo mundo de outras formas. Da década de 70 para os dias de hoje, centenas de danças foram incorporadas ao conjunto do que passou a se chamar “Danças Sagradas Circulares”, "Danças Circulares Sagradas", ou somente, "Danças Sagradas". De lá para cá, as danças expandiram-se cada vez mais por todo o mundo.
"Ao dançar, o mundo é de novo circulado e passado de mão em mão. Cada ponto na periferia do circulo é ao mesmo tempo um ponto de retorno. Se dançarmos um dança matinal, saudando o nascer da aurora dançando, perceberemos, quando nos movimentamos ao longo do círculo, como as nossas sombras, neste circular singular, também descrevem um círculo. Assim, percebemos que giramos 360 graus. Sentimos na caminhada uma mudança através da reviravolta conjunta".
(WOSIEN,2000; p. 120)

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Sobre as danças


As danças circulares são praticadas em grupos. O grupo, em círculo, segue um coreografia e, conectados entre si, reúnem energias em busca da harmonia, da consciência do todo. No Círculo não existe hierarquia, e as atitudes de competição são substituídas por atitudes cooperativas, onde os participantes do grupo podem ajudar a superar os erros uns dos outros, manifestando o melhor de si.

As Danças Circulares são desenvolvidas visando ampliar o conhecimento, em direção ao bem-estar físico, mental, emocional, energético e social. Inúmeros ritmos, cantos e danças, de povos e culturas do mundo são vivenciados. Em meio a momentos de muita descontração e também, momentos de introspecção, a pessoa que está na roda se percebe como um ser humano íntegro.

No trabalho com as pessoas de todas as idades, as danças circulares podem sensibilizar, socializar, resgatar valores humanos, incentivar as interações entre os grupos, promover o diálogo amoroso entre as pessoas, desenvolver o senso de organização coletiva por meio da roda e o senso rítmico pela música e pelo movimento corporal que ela cria e, principalmente, “despertar” relacionamentos saudáveis dentro do contexto social em que vivemos.

Dentro das linguagens artísticas tem-se a oportunidade da expressão positiva de angústias, medos, sentimentos que são na maioria das vezes expressados de forma inadequada.

Gradativamente, o ser humano adquire autocontrole, uma maior consciência corporal e a responsabilidade por seus atos. A arte oportuniza ao ser humano acessar e desenvolver aspectos de sua personalidade de forma prazerosa, ajustando emoções, organizando e educando pensamentos e sentimentos, auxiliando na formação de indivíduos mais equilibrados.

"Toda composição perfeita consiste de compasso, ritmo e melodia. Em toda composição musical estes três elementos contrapõem-se em interação e tensão vivas e permanentes. O compasso representa a visão espiritual do todo, a clareza e a ordem. O ritmo responde pela vitalidade, pela tensão, pelo pulsar do fluxo sanguíneo. A melodia representa o lado verdadeiramente humano, seu querer da alma e seus sentimentos, em todas as suas nuances". (WOSIEN, 2000, p. 14).
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Um pouco mais de história


Em Findhorn, as danças encontraram o seu desenvolvimento e sua expansão. Para essa comunidade, onde já era prática comum o hábito de as pessoas se colocarem em círculo, as danças se fortaleceram, e ali entre os seus moradores a prática de dançar se tornou cotidiana, era uma forma muito eficaz de harmonização grupal.

"Desde a pré-história até os inícios da cristandade, no decorrer do ano as pessoas tentam fazer suas vidas entram em ressonância com a ordem cósmica anual, os ritmos do sol e da lua e com o girar dos planetas, através de cultos e festas". (GABRIELLE- MARIA WOSIEN, 2000, p. 27).
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A dança circular veio para o Brasil


No Brasil, as danças chegaram em meados da década de 80, por meio de Sara Marriot, uma senhora, ex-residente de Findhorn que veio residir no Centro de Vivencias Nazaré, em Nazaré Paulista, no interior de São Paulo. Como Nazaré foi inspirada em Findhorn e mantinha muitas práticas de trabalho e sintonia grupal, as danças circulares se encaixaram com perfeição no dia a dia da comunidade. Nesse local foi criada a Dança e Meditação, onde as danças eram compartilhadas com muita profundidade, como uma caminho de auto desenvolvimento por meio do movimento. A partir de Nazaré, as danças se disseminaram pelo Brasil.

Alguns marcos importantes nessa história:

  • Em 1995, esteve no Brasil, Anna Barton, primeira focalizadora de Danças Sagradas de Findhorn, que foi aluna de Bernhard Wosien, quando este levou as danças para aquele local pela primeira vez.

  • Em 1998, Maria Gabrielle Wosien vem ao Brasil pela primeira vez e continua vindo para conduzir cursos de aprofundamento para os focalizadores brasileiros.

  • Em 2003, Friedel Kloke-Eibl veio ao Brasil pela primeira vez e continua vindo agora para orientar cursos de Formação de novos focalizadores.

Hoje as Danças Circulares estão cada vez mais inseridas no contexto social no qual vivemos. Podemos encontrar rodas em diferentes locais num mesmo dia. As danças circulares estão presentes nas escolas, empresas, parques, penitenciárias, hospitais e em outros lugares.

"A dança é a mãe das artes. A música e a poesia existem no tempo; a pintura e a escultura no espaço. Porém a dança vive conjuntamente no tempo e no espaço. O criador e a criação, o artista e sua obra, nela são uma coisa única e idêntica. Os desenhos rítmicos do movimento, o sentido plástico do espaço, a representação animada de um mundo visto e imaginado, tudo isso é criado pelo homem com seu próprio corpo por meio da dança, antes de utilizar a substância, a pedra e a palavra para destiná-las à manifestação de suas experiências exteriores".
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Referências:

Kurt Sachs. História Universal da Dança.

WOSIEN, Bernhard. Dança: um caminho para a totalidade. São Paulo: Triom, 2000.

WOSIEN, Maria-Gabriele. Dança Sagrada: deuses, mitos e ciclos. São Paulo: Triom, 2002.

SACHS Kurt. História Universal da Dança, Paris, 1938.

Este conteúdo foi acessado em 06/01/2010 do sítio: Giraflor Danças Circulares

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