Disciplina - Educação Física

Educação Física

03/07/2015

Handebol é bola no gol!

Camila Camilo - Publicado em NOVA ESCOLA Edição 280

Neste esporte, a meninada desenvolve habilidades de salto, drible e arremesso.

Correr, desviar de adversários, marcar, saltar e conseguir que a bola entre no gol. Essas são ações necessárias não somente no futebol mas também em outra modalidade: o handebol. O Brasil é o atual campeão feminino mundial no esporte e seus alunos também podem bater um bolão dentro da escola, como fez a garotada do 5º ano da EM Santa Cruz da Figueira, em Águas Mornas, a 36 quilômetros de Florianópolis. Com essa prática, os estudantes desenvolveram a percepção espacial, o reflexo, o controle da bola e conhecimentos sobre o próprio corpo. 

Ao dar início à sequência didática, a professora de Educação Física Lidiane Carvalho perguntou o que a turma conhecia sobre o handebol. "A maioria não sabia do que se tratava. Apenas alguns estudantes haviam assistido a uma partida pela televisão", conta a docente. O fato de ser jogado com as mãos foi uma das características levantadas pela sala. 

Apesar de o esporte não ser muito difundido entre as crianças de 6 a 11 anos, Alexandre Dezen Arena, coordenador pedagógico do Instituto Esporte Educação Arena, defende a prática nos anos iniciais: "Os alunos usam as mãos o tempo todo no dia a dia, o que favorece o trabalho com essa modalidade. O futebol, mesmo sendo mais conhecido, requer destreza com os pés, menos exigida no cotidiano". Nessa etapa, o foco não é a técnica nem as regras oficiais, visando o jogo, mas a experimentação corporal com os movimentos diversos relacionados ao esporte. 

Lidiane passou, em momentos distintos, dois vídeos sobre a história do handebol, com algumas regras e passes básicos (disponíveis em aqui e aqui). "Em anos anteriores, eu ia direto para a quadra, mas notei que, com a contextualização, os estudantes se interessam mais", relata a educadora. 

Momentos teóricos devem estar encaixados como fase introdutória de um trabalho mais amplo e são bem-vindos quando a criançada sabe pouco sobre o esporte. Porém, adequações são importantes de acordo com a turma. "A duração e a complexidade da apresentação deve variar conforme a idade dos alunos", diz Suéllen Oliveira, docente no curso de Educação Física do Centro Universitário do Planalto do Araxá. 

Em seguida, as crianças partiram para a quadra, onde Lidiane propôs uma série de atividades em duplas e trios para que elas vivenciassem experiências corporais típicas desse esporte, como passes, dribles e arremesso. Diferentemente de um modelo tecnicista de ensino, baseado na repetição contínua de táticas preestabelecidas - ainda difundido nas escolas -, a estratégia adotada pela docente respeita as características de cada um, com desafios variados.


Para trabalhar o movimento do drible, meninos e meninas brincaram de um pega-pega diferente: cada criança deveria tocar o ombro de um colega e não deixar que o outro encostasse no seu. Em seguida, a turma foi dividida em duas equipes. Os integrantes de cada uma delas deveriam lançar a bola para seus pares e cuidar para que os adversários não a tomassem. Com isso, puderam praticar o passe em situação de jogo. 

Em outra escola, a EMEF 19 de Novembro, na capital paulista, o professor Francisco Brossi fez atividades semelhantes com a turma do 3º ano (veja as fotos na próxima página). O manuseio e o controle da bola foram trabalhados em diferentes propostas. Em uma delas, foram formadas duplas e cada aluno quicava a redonda e lançava para um colega. Em outro momento, eles tinham de jogá-la para cima e depois segurá-la. A dificuldade era ampliada gradativamente, com a inclusão de ações para as crianças fazerem antes de pegar a bola, como tocar as mãos nos joelhos. "Uso as de borracha número 8, que eles conseguem segurar com uma mão só e não machucam caso atinjam o rosto", explica o educador. 

Disponibilizar outros tipos de bola e propor atividades diversas, além de proporcionar o contato com gestos comuns no handebol, contribui para que todos consigam realizar esses movimentos e possam ampliar as possibilidades corporais, desenvolvendo a coordenação motora. É o que acredita João Batista Freire, autor do livro Educação de Corpo Inteiro (224 págs., Ed. Scipione, tel. 4003-3061, edição esgotada). 

Nele, Freire afirma que no trabalho com bolas na escola - com a utilização de tamanhos e materiais diferentes - cada um é desafiado a fazer ajustes conforme o grau de dificuldade oferecido pelo manuseio. Dessa forma, rompe-se com a zona de conforto das crianças, que avançam no aprendizado ao superar os novos obstáculos. "O educador deve ser um provocador de desequilíbrios, desde que eles sejam compatíveis com o nível do estudante, isto é, desde que ele possa superá-los. Na estabilidade não há desenvolvimento", coloca o autor. 

O arremesso, a lateralidade e a orientação espacial também foram praticados em situações específicas. Para acertar a bola no gol, os estudantes tiveram de saltar uma espécie de amarelinha desenhada no chão da quadra. A dificuldade ficou por conta dos tipos de alvo utilizados, que foram do gol para um arco fixado nele, que exigia mais pontaria da garotada. 

Outra proposta desenvolvida pela turma foi uma espécie de bobinho, em que, além de passar a bola a um colega e não deixar o oponente pegá-la, os estudantes tinham de levá-la até um objetivo, que podia ser um arco, o gol ou até mesmo um cesto disponível no final da quadra. "Basicamente, handebol é isso: passar a bola até conseguir acertá-la em um alvo final, sem deixar que os adversários a peguem", afirma Brossi.


Este conteúdo foi acessado em 03/07/2015 - site Revista Escola. Todas as informações nela contida são de responsabilidade do autor.
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