Disciplina - Educação Física

Literatura da África do Sul

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Foto de John Maxwell CoetzeeConforme a fala de John Maxwell Coetze, em uma entrevista dada em 1987, "a literatura da África do Sul é uma literatura da sujeição. Ela não chega a ser completamente humana. É exatamente o tipo de literatura que se espera de quem escreve de dentro da prisão".

É quase impossível falar sobre literatura sul-africana sem mencionar os acontecimentos históricos que marcaram as últimas décadas. Para compreender as opiniões, informações e pontos de vista de um poeta ou escritor, é preciso estar disposto a entrar em um mundo de profundas contradições tanto no aspecto social quanto no que se refere aos valores que constituem o que chamamos de África do Sul.

Os escritores mais conhecidos da África do Sul são Nadine Gordimer (1923-), J.M.Coetzee (1940-) e o próprio Nelson Mandela (1918-). Os dois primeiros receberam o Prêmio Nobel de Literatura em 1991, e o ex-presidente Mandela foi reconhecido com o Prêmio Nobel da Paz.

Foto de Ben OkriAinda no continente africano, além desses nomes, precisamos ainda acrescentar o do poeta e romancista nigeriano Ben Okri (1959-), Nobel de Literatura em 1991. Ele recebem o prêmio pela obra "The Famished Road", romance que retrata Azaro, um abiku ou espírito-criança, que vive numa cidade cujo nome não é citado, provavelmente na Nigéria.



A narração em "The Ultimate Safari" (1989), de Nadine Gordimer:
Foto de Nadine GordimerGordimer, escritora branca sul-africana, tinha seus sessenta e poucos anos quando a história foi publicada. Ela assume a voz de uma menina refugiada negra do Moçambique. Embora ao longo de sua carreira, Nadine Gordimer várias vezes tenha escrito sob a perspectiva do negro, o que diferencia essa história em particular é o fato de que em grande parte da narrativa, o leitor não tem muita consciência da raça a que a narradora pertence. Embora os poucos detalhes sobre espaço e sobre as circunstâncias do narrador indiquem fortemente que ela é negra, a nacionalidade da menina e sua raça só são confirmadas nas cenas finais. A manipulação mental quanto a essas informações é uma das técnicas que Nadine usa para aplicar emoções intensas à obra. Ao deixar o leitor incerto sobre a origem da menina, ela mantém a possibilidade na mente do leitor, de que o narrador seja a "menina da casa ao lado" e não simplesmente outra refugiada africana distante e sem nome. Isso possa parecer insignificante para o enredo como um todo, mas é preciso levar em conta que a grande maioria dos leitores da época da publicação não eram somente brancos, mas também sul-africanos negros. Assim, essa técnica ajuda muito a autora a maximizar a empatia dos leitores pela personagem e efetivamente contribui para seu intento de divulgar ao mundo os efeitos desumanizadores do sistema do apartheid em seu país.

Resumo de "Foe" (1986), de Coetzee:
Voltando da Bahia, onde ela estivera buscando uma irmã perdida, Susan Barton é expulsa do navio após um motim; sua única companhia era o corpo do capitão, de quem ela tinha sido amante. Susan nada até a praia e se encontra na ilha com Cruso e Sexta-feira. Sexta-feira tinha sido mutilado: não tinha língua. Quem fez aquilo, onde ou como aconteceu, nunca soubemos. Depois de resgatado por um mercador que passava, Cruso morre à bordo do navio e Susan e Sexta-feira são deixados para irem embora para a Inglaterra. Depois de chegar à Inglaterra, Susan rascunha um memoria, "A náufraga", e procura o autor, Foe, para lhe contar a história. O romance de Coetzee é composto de quatro partes: começa com as memórias de Susan, prossegue com uma série de cartas destinadas a Foe, que não chegam até ele porque ele está escondido, tentando fugir dos credores. a história continua com o relato do relacionamento de Susan com Foe e a luta dela para manter o controle sobre a história e seu significado; por fim, termina com uma sequência produzida por um narrador não explícito (possivelmente o próprio Coetzee), que revisa a história como conhecemos e dissolve a narração em um ato de renúncia autorial.

Excerto de "Foe":
When I lay down to sleep that night I seemed to feel the earth sway beneath me. I told myself it was a memory of the rocking ship coming back unbidden. But it was not so : It was the rocking of the island itself as it floated on the sea...I
stretched out my arms and laid my palms on the earth, and, yes, the rocking persisted, the rocking of the island as it sailed through the sea...They say Britain is an island too, a great island. But that is a mere geographer’s notion. The earth under our feet is firm in Britain, as it never was on Cruso’s island.


Tentativa de tradução (que tal enviar outras?):
Quando me deitei aquela noite, tive a impressão que a terra deslizava debaixo de mim. Disse a mim mesma que era a lembrança do balanço do barco que voltava sem querer. Mas não era só isso: era o balanço da própria ilha que flutuava sobre o mar... Estiquei os braços e coloquei as palmas das mãos sobre a areia e, sim, o balanço persistia, o balanço da ilha enquanto navegava sobre o mar... Dizem que a Grã-Bretanha também é uma ilha, uma grande ilha. Mas isso não passa de uma noção geográfica. A terra sob nossos pés é firme, na Grã-Bretanha, o que não acontecia na ilha de Cruso.

Fontes de Pesquisa:

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